adeus, pedrosa.

Cheguei ao fim do livro de Inês. Quando olho o que passou, vejo páginas dobradas, grifadas e marcadas com asteriscos que gritam e se destacam para que nenhuma passagem seja perdida. Para a despedida final separei alguns trechos que merecem ser lidos e lembrados por mim e por vocês:

As nossas vidas seriam muito diferentes, se acordássemos para cada dia como se fosse o único. Quantas vezes repetimos: “Temos tempo”? Quantas horas ocupamos a complicar a vida dos outros, em vez de simplificarmos a nossa?

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– Aprende uma coisa, Pedrinho: nenhuma gaja se mata por causa de um homem. Isso só aconteceu numa peça de teatro do Shakespeare. E mesmo assim, por engano.

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Não consigo deixar de estar ao lado de Filipe. Perdoo-lhe tudo, com a convicção íntima de que o perdão é o maior desprezo que se pode oferecer à alguém.

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Mas estou cada vez mais cansada das palavras e das estruturas repetidas. Só devem ler-se as coisas essenciais, mas para as encontrar temos de percorrer quilómetros de páginas acessórias.

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– que se foda o amor que se foda o amor que se foda o amor que se foda o amor que se foda o amor

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Tinham vinte anos. E depois ele voltou para os Estados Unidos, os telefonemas foram espaçando, nenhum deles tinha e-mail. Júlio pedia-lhe que compreendesse que não gostava de escrever. Bárbara pedia-lhe que compreendesse que não gostava de compreender. 

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É assim a eternidade do amor – indiferente à vida e à morte, capaz de sobreviver à pequena cronologia da vida. Capaz, acima de tudo, de fazer da semivida presunçosa em que tantas vezes nos enredamos, uma vida verdadeira, votada à única coisa que interessa – o amor

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Não me canso dela como sempre me cansava das outras. A tese das almas gêmeas é uma fraude, mas é verdade que há uma pequena percentagem de corpos incompatíveis, uma alta percentagem de corpos compatíveis e uma minoria de corpos feitos um para o outros. Quando se tem a sorte de encontrar esse corpo que se funde no nosso como o mar com o horizonte num dia de Verão, isso é felicidade. 

*livro Os Íntimos, de Inês Pedrosa. Tem mais aqui e aqui. 

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